ABIFINA reconhece contribuições de Dirceu Barbano para a Anvisa 4i84c
“Precisamos de mais Dirceus”, brincou o presidente da Globe Química, Jean Peter, se referindo à objetividade de Dirceu
Saber equilibrar os pilares do Ministério da Saúde: políticas de desenvolvimento produtivo e de o à saúde. Este foi o maior mérito de Dirceu Barbano à frente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em suas duas gestões, de 2008 a 2011 e de 2011 a 2014. Reconhecido pelo setor como dirigente hábil e eficiente, bom negociador, que mantém o diálogo aberto com a indústria, Barbano recebeu uma placa de homenagem da ABIFINA por suas contribuições, no dia 11 de agosto, na sede da entidade (RJ). A cerimônia, realizada durante a reunião do Conselho istrativo, celebrou também os 28 anos da ABIFINA e o lançamento de seu novo site.
Barbano, que deixa a Presidência da Anvisa em outubro, foi classificado como “ente político” dos mais importantes, inclusive pelo seu aspecto humano, pelo presidente da ABIFINA, Ogari Pacheco. Por sua vez, o 2º vice-presidente da entidade, Reinaldo Guimarães, contou um pouco da história do presidente da Anvisa e de experiências conjuntas como gestores públicos. Ele ressaltou a atuação de Barbano na coordenação do programa Farmácia Popular e à frente do Conselho Regional de Farmácia. “Na Anvisa, ele manteve o compromisso permanente entre a missão da agência de prover a segurança sanitária e tornar harmônica a busca pelo fortalecimento da indústria brasileira”, complementou Guimarães.
Em seguida, foi a vez de representantes de instituições públicas e privadas destacarem as contribuições de Barbano para o setor industrial. Para Celso Braga, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado do Rio de Janeiro (Sinfar), o dirigente se destacou pela transparência e proximidade com a indústria, provendo sempre respostas rápidas. “Ele vai deixar saudades”, disse, apontando que o próximo presidente terá como desafios redefinir rapidamente a agenda regulatória da agência e botar as medidas em prática.
Júlio Cesar Felix, presidente da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil (Alfob), concorda com as impressões de Celso Braga sobre Barbano. “Sempre tivemos fácil o a ele para discussões de temas importantes, recebendo colaboração especialmente sobre o novo marco regulatório”. A habilidade do gestor, na visão de Antônio Mallet, superintendente de Medicamentos e Produtos Biológicos (Sumed) da Anvisa, é de perceber grandes questões regulatórias e de mercado, oferecendo respostas eficientes, com ação racional.
Outras duas características próprias de Dirceu Barbano é o diálogo e a persistência, indicou Reginaldo Arcuri, presidente do Grupo Farma Brasil, o que permitiu ao gestor posicionar a Anvisa como ator importante para o desenvolvimento industrial dos setores regulados.
“Precisamos de mais Dirceus”, brincou o presidente da Globe Química, Jean Peter, se referindo à objetividade de Dirceu. Com esse perfil, conseguiu reduzir a normatização excessiva e trazer “realismo” para a atuação da agência, explicou. É devido ao perfil arrojado de Dirceu Barbano que o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha, comentou que o dirigente deixou sua marca na Anvisa.
Ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão vê que tais qualidades do presidente da Anvisa decorrem de sua serenidade aliada à capacidade técnica. Ele destacou, assim como Reinaldo Guimarães, sua liderança no Farmácia Popular, sobre o qual o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, afirmou: “Quem viveu o Farmácia Popular sabe das dificuldades que tivemos e o Barbano foi um grande parceiro. Nele, encontrei um ser humano maravilhoso”.
Já o próximo presidente da Anvisa, diz Júlio Felix, da Alfob, “precisará compatibilizar a regulação do Brasil às normas internacionais e à capacidade de adequação da indústria nacional, pois cada mudança normativa resulta em grandes investimentos”. O consultor da ABIFINA Gilberto Hauagen Soares acrescenta que espera que a Anvisa consiga congregar empresas de biotecnologia para discutir experiências e dificuldades. Para Arcuri, a agência precisará agora se preparar para a maior velocidade das inovações brasileiras, especialmente na área da saúde.
Para Telma Salles, presidente da Pró-Genéricos, o Brasil só poderá ter um nível de desenvolvimento tecnológico com um agente regulador participativo. “Precisamos manter a agenda ativa e cada vez mais sólida internacionalmente, para que o País seja visto como fornecedor de produtos confiáveis”, disse.
Lembrando conhecer, desde os tempos de estudante, a ABIFINA como referência de luta pelos interesses da indústria nacional, o presidente da Anvisa destacou na cerimônia os objetivos de seus dois mandatos e os resultados alcançados (leia mais na entrevista da pág. 24).
Segundo ele, a agência teve atuação transparente mantendo canal de diálogo com a indústria, fortaleceu sua imagem perante as agências reguladoras em nível internacional, melhorou as práticas regulatórias e fortaleceu a estrutura institucional.
“Ninguém age sozinho. Portanto, esta homenagem reconhece também todas as pessoas que sempre trabalharam juntas para construir uma perspectiva diferente de sociedade”, disse Barbano.